5º domingo do tempo comum
A Palavra de Deus dirigida a nós neste V Domingo do Tempo Comum nos apresenta três relatos bíblicos que se entrelaçam entre si, tendo como núcleo central a vocação e a missão confiada por Deus. Na primeira leitura de hoje, olhamos para a vocação de um dos maiores profetas do Antigo Testamento: Isaías, que se sente pecador, mas intui que Deus lhe chama para ser seu mensageiro. Sendo perdoado, faz-se disponível para cumprir as missões que Deus lhe quiser confiar, responde: Eis-me aqui: podeis enviar-me. Na segunda leitura, Paulo, numa atitude de humildade, sublinha o seu passado hostil para com os cristãos, mas recorda que o conteúdo da sua pregação se sintetiza no anúncio da Morte e Ressurreição de Cristo na qual se baseia a certeza fundamental da fé. No Evangelho deparamo-nos com a vocação dos primeiros discípulos de Jesus, o que acontece a margem do lago de Genesaré, diante de uma pesca frustrada de Simão Pedro e de seus companheiros de pesca. Mas a palavra de Jesus modifica a situação. Pedro recolhe tantos peixes que já não é capaz de suportar sozinho, necessita da ajuda dos demais. Se isto serve de espanto a ele, maior espanto virá depois: Te farei pescador de homens!
Destas leituras podemos destacar o que parece ser um esquema bíblico comum em todas as vocações: 1. Diante do chamado divino: o assombro e o medo; 2. a missão concreta, confiada ao homem por Deus, que é quem tem a iniciativa em todo o chamado e, 3. a resposta incondicional dos vocacionados ao chamamento de Deus para o profetismo e apostolado.
Também nós, somos constantemente desafiados por Deus e interpelados por ele a missões que parecem estar muito além de nossas capacidades. Nossa primeira reação diante de tais desafios, assim como Isaias, Paulo e Pedro, também é a de recusarmos o convite e desculpar-nos diante do Senhor. E claro que se contássemos unicamente com nossas capacidades, certamente seriamos incapazes de levar a diante o projeto de Deus em nossas vidas. Poderia um Francisco da cidade de Assis, filho de uma família tão nobre, tornar-se modelo de seguimento do Senhor no despojamento e na simplicidade? Poderia Carol Wojtyla que viveu a juventude em meio às opressões de um sistema político dominado pelo totalitarismo e pela ditadura do ateísmo, tornar-se Papa e ser o baluarte do final de tal sistema? Pois, sim! Deus age no fraco, no incapaz aos olhos humanos, como agiu na vida de Maria, José, Pedro, Paulo e tantos santos ao longo destes séculos de cristianismo. O desafio não está em aperfeiçoar-nos para servir ao Senhor, mas sim, em estarmos dispostos a responder positivamente aos desafios que Deus apresenta em nossa vida e à missão por ele confiada. E deixar-nos modelar por suas mãos como o barro na mão do oleiro.
Pe. Luciano da Costa Massullo.